Home Medicina Diagnóstica Diretora Médica pontua o que já se sabe sobre os danos do uso de vapes por jovens

Diretora Médica pontua o que já se sabe sobre os danos do uso de vapes por jovens

by rafaelteoc

Em 10 minutos de uso são 30 mg de nicotina liberadas pelo cigarro eletrônico o que equivale fumar um maço e meio de cigarro comum

Nos últimos dias, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu manter a proibição de venda de cigarros eletrônicos no Brasil e ampliar a fiscalização para coibir o mercado irregular dos dispositivos. Sabe-se que a venda de cigarros eletrônicos é proibida no País desde 2009, mas cada vez mais temos jovens viciados nos chamados vapes.

Para a dra. Aline Magnino, Diretora Médica do Prontobaby – Hospital da Criança, o dispositivo conseguiu grande repercussão entre os adolescentes por se tratar de um material mais estilizado, se o odor característico,  halitose, além de uma ampla propaganda na Internet.

“Alguns estudos demonstram a prevalência do uso de cigarros eletrônicos entre os jovens, como o realizado em alunos do 6° ao 12° ano, entre os anos de 2011 e 2012, nos EUA, através de uma pesquisa transversal (National Youth Tobacco Survey). Os resultados demostraram que tanto a experimentação, como o uso recente dos cigarros eletrônicos praticamente dobraram em um ano. Outro estudo realizado em oito escolas da Carolina do Norte (EUA), com 4.444 adolescentes, entre 11 e 19 anos, relatou o uso de cigarros eletrônicos em 4,9% dos estudantes, sendo que 1,5% referiam seu uso no último mês”, sinaliza a médica.

No último mês, os Estados Unidos baniram a venda de vapes por uma marca pioneira devido ao marketing voltado ao público jovem, incluindo menores de idade.

“Os jovens encontraram no cigarro eletrônico uma forma diferenciada de utiliza-lo, com sabores, odores, além de uma melhor estética. Os pais devem conversar com seus filhos, mostrando os reais riscos e efeitos nocivos à saúde”, orienta a dra. Aline.

Apesar da proibição, da contraindicação das autoridades na área da saúde e das pesquisas, os cigarros eletrônicos podem ser encontrados com facilidade em sites e lojas físicas. Hoje, 3% da população adulta faz uso diário ou ocasional deles, segundo um levantamento do Datafolha realizado em fevereiro deste ano. Entre os mais jovens, os números são ainda mais alarmantes. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar de 2019, 13,6% dos estudantes de 13 a 15 anos já experimentaram cigarro eletrônico. Entre alunos de 16 a 17 anos, o índice é de 22,7%.

Para quem não sabe, os vapes funcionam por meio de uma bateria que aquece um líquido interno, composto por água, nicotina, aromatizante, propilenoglicol e glicerina. Têm formas variadas, e os modelos mais modernos se parecem com pen-drives. Alguns são fechados: não é possível manipular o líquido interno. Outros podem ser recarregados com líquidos de várias substâncias e sabores, como uva e menta.

Atualmente, temos bem estabelecidos e evidenciados no mundo científico o tabagismo como uma das principais causas de morte evitável no mundo. Entre as doenças causadas por ele, destacam-se as cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio; acidente vascular cerebral e doenças vasculares periféricas. “O tabagismo compromete a função endotelial e aumenta a liberação de radicais livres de oxigênio, além de acelerar o processo aterosclerótico, mesmo em indivíduos com baixo consumo de cigarros e em tabagistas passivos”, pontua a especialista.

O cigarro eletrônico não expõe o usuário ao monóxido de carbono, uma vez que não há combustão, no entanto, elementos como a nicotina é sabidamente causadora de efeitos maléficos ao sistema cardiovascular.

“Em média, enquanto um cigarro comum tem entre 1 mg e 2 mg de nicotina, o cigarro eletrônico costuma ter de 3 mg até 5 mg, além do fato de que para fumar um cigarro comum, gasta-se de 1 a 5 minutos, enquanto para fumar um cigarro eletrônico utiliza-se muito mais tempo. Em 10 minutos, são 30 mg de nicotina, ou seja, o equivalente a um maço e meio de cigarro comum”, explica a dra. Aline.

A OMS classifica o tabagismo como uma doença que mata anualmente oito milhões de pessoas – sete milhões por fumo ativo e um milhão por passivo. No Brasil, inclusive, um dos receios da comunidade médica é que a popularização dos vaporizadores prejudique os avanços conquistados em relação ao percentual de fumantes: o país é considerado uma referência mundial no combate ao tabagismo. Em 1989, 35% da população fumava. Hoje, o índice é de 9,3%.

Desde 2002, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito à base de psicoterapia. Se necessário, os médicos podem combinar o método com a prescrição de remédios que ajudem a lidar com a com a abstinência e superar o vício, como adesivos e chicletes de nicotina, e antidepressivos.

“As escolas também podem atuar com aulas e palestras sobre os malefícios do cigarro eletrônico, conversando com os alunos sobre a dependência química e psicológica que os mesmos trazem, além de observação para utilização destes em ambientes escolares”, finaliza a médica.

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